Medicina do outro lado da fronteira
Estudar Medicina ou Nutrição no exterior sem prestar vestibular e morar no Brasil a um custo muito baixo é uma possibilidade oferecida pela Facultad de Medicina da Fundación Hector Barceló. Com sede em Santo Tomé, cidade na fronteira da Argentina com São Borja, no Brasil, a faculdade iniciou seu funcionamento há cinco anos, quando foi inaugurada a Ponte da Integração, entre São Borja e Santo Tomé.
A iniciativa foi do Instituto Universitário de Ciências de la Salud, que, percebendo a localização estratégica da pequena cidade, junto a uma ponte internacional, a 150 quilômetros do Paraguai e da capital da província de Missiones, resolveu abrir mais uma unidade com a possibilidade de atender também a estudantes brasileiros.
A Fundación Hector Barceló já tinha duas unidades em funcionamento: uma em Buenos Aires, autorizada em 1992, e outra em La Rioja, que começou a funcionar regularmente em 1994. Além de Medicina, o instituto mantém cursos de Nutrição, Fonoaudiologia, Fisiatria, Psicologia, Instrumentação Cirúrgica, Análise de Sistemas de Informação Médica e o curso técnico em Análises Clínicas. A maioria deles funciona nas unidades de Buenos Aires e de La Rioja.
Em Santo Tomé existem somente os de Medicina, com duração de seis anos, e o de Nutrição, quatro anos. Hoje, cinco anos depois de inaugurada, a escola tem cerca de 900 alunos, um terço dos quais é de brasileiros, vindos do mais diferentes Estados: Pará, Ceará, Paraná, São Paulo, Rio, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e, é claro, Rio Grande do Sul, Estado fronteiriço.
Para ingressar na instituição basta uma inscrição e o pagamento da taxa de matrícula, que é de 450 pesos (igual a R$ 450,00 no câmbio atual), além dos seguintes documentos: Carteira de Identidade, passaporte, atestado de saúde com todas as vacinas, histórico escolar e certificado de conclusão do ensino médio traduzido para o espanhol - a própria faculdade indica um tradutor para o serviço que custa aproximadamente R$ 150,00. As informações da faculdade podem ser obtidas pelo telefone (00xx54) 375-6421930.
Oposição
Procurada, a faculdade forneceu informações, mas não quis conceder entrevista. Os professores e funcionários ouvidos também preferiram não se identificar. A alegação foi evitar polêmica com as autoridades médicas brasileiras, por causa da oposição da Associação Médica do Rio Grande do Sul à abertura de cursos de formação de profissionais de saúde na região.
Até o ano passado foram feitas tratativas para que um dos hospitais-escola fosse no Brasil, mas houve resistência dos médicos de São Borja, que temiam a concorrência dos professores argentinos que dariam aulas. Por isso, os alunos farão suas práticas no Hospital San Juan Bautista, de Santo Tomé, e no Hospital de Posadas, capital da Província de Missiones, distante 150 quilômetros.
Ao fazer a inscrição o aluno matricula-se no curso introdutório, de dois meses e meio. Nesse período, passa por um verdadeiro funil, que vai avaliar suas condições para seguir ou não a carreira médica.
Além das aulas de espanhol para os brasileiros e epistemologia e metodologia do estudo, eles são avaliados nas seguintes disciplinas eliminatórias: Biologia, Química, Bioquímica, Antropologia Médica, Anatomia e Fisiologia e Atenção Primária de Saúde. Esta última faz com que os alunos ingressantes tenham contato com a realidade de saúde no hospital-escola e em postos de periferia. Eles acompanham os professores e o atendimento dos médicos.
Muitos desistem nessa etapa. Outros seguem e constroem uma carreira, como o brasileiro Alex Gomes Ribas, de Curitiba, que se formou na unidade de Buenos Aires e já clinica em Santo Tomé ao mesmo tempo em que dá aulas na faculdade. Agora, ele aguarda os trâmites para validar seu diploma no Brasil.
Fonte: O Estado de S.Paulo
[O Estado de S.Paulo ]
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